Como o tema meio ambiente deve ser tratado pelas escolas brasileiras? A resposta a essa pergunta está presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Elaborados entre os anos de 1995 e 1998 por profissionais da educação e de outras áreas, os Parâmetros têm como objetivo principal orientar a elaboração e a revisão dos currículos adotados nos ensinos fundamental e médio no Brasil. Sobre meio ambiente, o que os PCNs propõe é uma abordagem transversal do tema. Isso significa que a educação ambiental não é responsabilidade de uma disciplina específica, mas trata-se de um eixo a ser contemplado pelas diversas áreas do conhecimento.
Abrangente e moderno na teoria, o conceito da transversalidade é um tanto complexo para ser colocado em prática. A escola está muito aquém da proposta do tema transversal. Esse descompasso ocorre porque os professores não recebem capacitação para tratar do tema meio ambiente que, na maioria dos casos, é abordado apenas nos cursos de Ciências Biológicas e Geografia. Como resultado dessa carência na formação, observa-se que em muitas escolas o meio ambiente é abordado de forma superficial.
Os PCNs recomendam aos professores a pesquisa individual, em grupo e com os alunos para aprofundarem o conhecimento sobre o tema. Fontes de pesquisa não faltam. Livros, revistas, jornais e programas de TV falam sobre meio ambiente com freqüência. Cabe ao professor encontrar os pontos de encontro da sua área com a temática ambiental e os demais temas transversais como saúde e ética, por exemplo.
As ações ligadas à Educação Ambiental poderão ser incorporadas nas atividades passíveis de serem combinadas com as datas escolares. Sugerimos que as atividades de historinhas, músicas, versinhos etc contenham informações relacionadas com a natureza ou que o professor faça essa relação sempre que possível. Deve-se levar o aluno a compreender o que é meio ambiente e o que é natureza.
Em ciências, por exemplo, o conteúdo por si só é farto e rico, em todos os itens.
Em educação artística, a natureza pode ser trabalhada porque ela é muito rica em elementos coloridos. O objetivo de se criar uma consciência ecológica através das artes é, tanto ajudar a criança compreender melhor o mundo ao seu redor, quanto por meio dessa experiência, explorar o mundo existente em seu próprio íntimo.
Em ensino religioso, como as diversas variáveis ambientais dependem tanto de uma correta compreensão e interpretação, quanto de uma postura de respeito e reverência, esta disciplina pode ser um meio, através do qual poderão ser vibradas as cordas da sensibilidade humana, voltadas para a preservação ambiental. As ações de educação ambiental, nesta área, poderão ser desenvolvidas não só nas escolas que adotam esta disciplina, mas também nos núcleos religiosos, através de palestras, sermões, campanhas, cânticos, preces, excursões, ações comunitárias integradas dentre outras.
Em geografia, ao estudar as regiões brasileiras, verificar a relação das mesmas com o meio ambiente.
Em história, podemos partir da pré-história, solicitando um trabalho em grupo que identifique as atividades básicas do homem e sua evolução, buscando associar os aspectos econômicos e sociais com a questão ecológica.
E em matemática, os problemas podem ser elaborados utilizando dados do meio ambiente local.
O conhecimento ecológico adquirido na sala de aula poderia ser transformado em benefícios práticos para o meio ambiente da escola e, ao redor da mesma, abrangendo, se possível, sua comunidade.
Esse trabalho, torna-se mais fácil quando se adota o conceito de meio ambiente expostos nos parâmetros. Para além da esfera ecológica, os PCNs defendem que a educação ambiental incorpore as dimensões sócio-econômicas, política, cultural, histórica e seja trabalhada de acordo com o contexto dos estudantes.
Para o educador, o Meio Ambiente não se restringe ao ambiente físico e biológico, mas inclui também as relações sociais, econômicas e culturais. O objetivo é propor reflexões que levem o aluno ao enriquecimento cultural, à qualidade de vida e à preocupação como equilíbrio ambiental.
Ao se planejar, devemos ter sempre em mente os objetivos gerais da educação em função da política educacional e, também os objetivos da escola, do curso, das disciplinas e das aulas. Esta educação deve ser integral e proporcionar ao ser humano uma visão de suas próprias exigências e do momento histórico em que vive de forma a comprometê-lo também como responsável pelo processo.
A Educação Ambiental deve-se integrar a educação popular como conseqüência da busca da interação em equilíbrio dos aspectos socioeconômicos com o meio ambiente.
A educação preenche a vida. A natureza nos dá a vida. O país precisa acordar para a importância da Educação Ambiental. Deveria ser criado um plano para acelerar a Educação Ambiental nas escolas e, finalmente, se todos participarem, juntos transformaremos a realidade da questão ambiental em nosso país, pois o futuro se faz no presente.
Destaca-se a imediata necessidade de ações educacionais que possibilitem ao homem ainda vivenciar muitos séculos de sobrevivência na Terra. Nesse processo, levando em conta alguns conceitos aqui abordados sobre a temática ambiental, observa-se que há necessidade de uma ação pedagógica direcionada de forma a integrar dialeticamente a totalidade do educando, buscando transformá-lo e, consequentemente, transformar o meio.
Dessa forma, a escola pode estabelecer vínculos por meio de ações e propostas pedagógicas numa perspectiva interdisciplinar, ou seja, contra a fragmentação do conhecimento e criando possibilidades para o desenvolvimento da Educação Ambiental como um todo, e também, contornando dificuldades que se encontram na ampliação das propostas estabelecidas em projetos pedagógicos nos diferentes contextos escolares como orientador de uma prática que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais reflita que “mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos”.
Sendo assim, a partir desta concepção de necessidade de adquirir conhecimento e consciência no que diz respeito ao meio ambiente a sua volta, é que o educador ambiental se destaca como mediador e coordenador na implantação de ações pedagógicas voltadas para a Educação Ambiental viabilizando a formação de responsabilidade individual e coletiva na escola, contribuindo e até mesmo promovendo a transformação e construção da sociedade consciente e responsável pelo meio em que vive.
O sucesso das ações que devem conduzir ao desenvolvimento sustentável dependerá, em grande parte, da influência da opinião pública, do comportamento das pessoas, e de suas decisões individuais.
Uma das formas de levar este tipo de conscientização à comunidade é pela ação direta da escola, mais precisamente, pela ação do educador ambiental em sala de aula, com atividades nas quais o educando participe ativamente, através de atividades como leitura de textos e livros atuais, debates, pesquisas, experiências e outras mais, que desenvolvam nos educandos reflexões críticas, que possam compreender os problemas que afetam a comunidade onde vivem, que reflitam e criticam as ações que desrespeitam e, muitas vezes, destroem um patrimônio que é de todos.